Brasil Ride 2013... Viemos, vimos e vencemos! Somos Orphans Africa MTB Team!

Chegando a Bahia! Arena Brasil Ride - Orphans Africa MTB Team

Essa é uma prova épica. 7 dias e mais de 600 kms de Mountain Bike pela Chapada Diamantina, na Bahia.

A seguir eu relato detalhadamente o ano deplanejamento que antecedeu esse projeto. Da inscrição ao uniforme. Você pode ler diretamente o relato das etapas clicando aqui. Se quiser conhecer como foi toda a preparação e os causos que nos ocorreram, será um orgulho o prestígio da sua leitura.  

Me inscrever pro Brasil Ride, seria de fato subir alguns degraus muito importantes no meu patamar "atlético". Ele sempre se resumiu em provas de 50 a 100kms de Mountain Bike, pelo simples prazer de completar sem grandes sofrimentos e claro, me divertir com os meus amigos. 

A inscrição eu garanti assim que acabou a edição de 2012. Eu tinha 1 ano pra me planejar nos diversos aspectos que envolvem a participação em um evento desse. Contornar os imprevistos e claro, treinar muito.

O Brasil Ride é uma prova feita em duplas e definir quem seria meu parceiro seria importante e fundamental, também com alguma antecedência. Quem mais me inspirou e gerou o desejo de disputá-la foi meu amigo Rodrigo Barbosa. Havia a perspectiva dele ser meu parceiro, salvo se ele resolvesse fazer com seu parceiro de uma edição anterior. Ainda havia o Mottinha e alguns outros amigos que seriam possíveis parceiros. Estou relatando o fim de 2012, então havia ainda algum tempo pra definir isso.

Início de 2013, férias em família e hora de aproveitar muito esses momentos que são a base da minha estrutura pessoal. De certa forma eu já sabia que eles seriam muito afetados com meus compromissos, treinos e provas voltados para a viagem e o desafio na Chapada Diamantina em outubro de 2013.

Existem imprevistos que acontecem e que nos surpreendem. Inicio de 2013, o Rodrigo me telefona desistindo da prova devido a uma lesão no joelho que atrapalharia muito os seus treinos. A estimativa de tempo de recuperação não favorecia. Infelizmente comigo ou com outro parceiro, o Rodrigão estava fora...

O meu possível parceiro não iria mais. A solução surgiu naturalmente e de forma rápida. Em meados de fevereiro de 2013, eu já sabia que mais um grande amigo também faria o Brasil Ride, mas faria uma dupla familiar, com o seu irmão, ma o irmão desistiu de fazer a prova.

Num bate papo pedalando pelo cemucam numa manhã, eu tive a honra de ser convidado (e de me convidar um pouco, é claro! hehehe!) a substituí-lo nesse grande projeto!

Além de grande amigo, o Vinícius sempre foi um cara que admiro muito. Um cara simples, extremamente leal, de coração enorme, de grande atitudes, absurdamente inteligente e baita profissional em seu segmento. A grande questão seria o entrosamento, morando em cidades distantes e com o agravante das constantes viagens que o Vinícius fazia a trabalho, o que não permitiria muitos, ou quase nenhum treino juntos. 

Assim foi a definição da dupla! Time Fechado! Agora era treinar! E treinar muito!

Pós férias, a retomada aos treinos foi gradativa. Exames médicos feitos e o coração em perfeitas condições. Me mantive treinando por conta própria de janeiro a março. Ainda em fevereiro fiz com outro amigão uma cicloviagem de Cotia a São Sebastião, litoral de norte de São Paulo, pedalando mais de 200km. (clique aqui para ler)

Em março já tínhamos o Big Biker de Itanhandu, MG que eu e o Vinícius já nos inscrevemos em dupla, para aumentar e aferir o entrosamento.

"Conhecendo" o time: Big Biker Itanhandu, MG - 03/2013 (Clique aqui para ler)

A ideia era fazer "laboratório" nessa etapa para apurar como nos sairíamos como time. As questões físicas, nutricionais, de equipamentos e claro de entrosamento pessoal seriam medidas pela primeira vez. Lidarmos em situações de pressão, de competitividade não é simples. Nesse caso a atitude individual, mas pensando no coletivo, é o que conta. A diferença de rendimento físico do Vinícius para mim foi muito grande. Ele estava, comprovadamente, tanto na percepção de esforço e pelas informações de nossas frequências cardíacas, muito mais condicionado e preparado para o esforço da prova. Nessa hora ao invés de aumentar a pressão sobre mim, ele mostrou sua grande capacidade de jogar pelo time, demonstrando preocupação constante com meu desempenho, disposição e sempre falando sob uma perspectiva positiva que me manteve muito motivado, mesmo rendendo menos que ele. Na questão de equipamentos eu corri com minha Trust aro 26 e o Vinícius de Specialized Epic 29er. Não bastando a questão física, havia também uma grande diferença de equipamentos considerando uma ultra maratona como grande objetivo e a corrida em dupla.

Fim de prova em Itanhandu, MG

Voltei dessa prova com 2 objetivos. Contratar um treinador e investir em uma nova bike/equipamentos. Definir o treinador foi simples. Já queria ter a oportunidade de treinar com o Cadú Polazzo. O Cadú é uma das grandes referências de treinamento de Mountain Bike no nosso país. Trocamos e-mails, definimos um projeto e estávamos fechados! Quanto ao equipamento resolvi fazer a seleção e importação de componente a componente individualmente em sites de compras internacionais. Em pouco mais de 40 dias todos os componentes chegaram e meu "protótipo" de 29er ficou pronto. Ainda não seria a bike definitiva do Brasil Ride, mas já treinaria e me habituaria a pedalar de 29er.

Protótipo apelidado de Camburão 29er

Os treinos com o Cadú no começo foram muito tranquilos. Partimos de um patamar mínimo, novo e com uma metodologia simples de assimilar. Se o objetivo era ser finisher de uma ultra maratona, não precisaria de grandes intensidades de treinamento, mas sim construir muita resistência. A ressalva é que como passei a treinar sob rigoroso controle de tempo e da frequência cardíaca, me tornei o biker mais "anti social" do habitual grupo de pedal que temos. Não podia mais acompanhá-los e variar tanto as intensidades e duração dos giros. Era difícil treinar sozinho, mas era necessário.

Em maio, com 60 dias de treinamento orientado, com a bike nova tínhamos a oportunidade de aferir mais uma vez o nosso time. Teríamos novamente o Big Biker, dessa vez em Taubaté, para um novo teste.
A prova demonstrou que as últimas decisões foram acertadas. Colhi novos resultados da estratégia de treinos e mais performance do equipamento. Ainda não estava no mesmo patamar físico do Vinicius, mas ele já não precisava me esperar tanto e começamos a criar novas estratégias que seriam muito úteis na Bahia, como o revezamento de roda/vácuo e entendermos como cada um se alimenta e repõe as energias durante uma prova. Essa troca de idéias é parte fundamental do conhecimento e perfeito entrosamento do time.

Mais performance em Taubaté, SP

Os treinos iam evoluindo bem. O entrosamento meu com o Vinícius ia crescendo e, mesmo com a distância estávamos sempre trocando muitas mensagens e e-mails. Havia uma diferença significativa nas cargas de treinos e possivelmente, nos métodos dos nossos treinadores. De certa forma natural pelo tempo que o Vini já tinha de preparação.  Nesse aspecto mantivemos as estratégias individuais.

Um novo fator poderia afetar significativamente os meus treinos. Tive uma proposta para mudança de atividade profissional. Resolvi empreender uma franquia de uma seguradora americana que iria exigir bastante tempo e dedicação. Eu sabia que isso poderia afetar os treinos, mas mesmo assim empreendi. Acabou sendo muito mais complexo do que planejei.

A partir de junho e principalmente em julho os treinos caíram bastante, não nas planilhas do Cadú, mas sim na minha disponibilidade de agenda para treinar. A ansiedade veio forte... Nessas horas a capacidade do profissional que escolhi para me ajudar e me preparar entrou em ação e fez toda a diferença.

Praticamente semanalmente as planilhas eram revisadas. O Cadú se desdobrou em dentro de uma disponibilidade mínima, fazer com que eu conseguisse colher resultados dos treinos, dentro do mínimo do aceitável para garantir o Brasil Ride.

Confesso que foi bem difícil, pois no meio de tanto stress profissional, de agenda escassa, de mudanças e tantas outras varíáveis, acima de tudo eu tenho a minha família e claro naquele momento o projeto do Brasil Ride com o Vinícius.

Me senti como um malabarista e muitos malabares. Nenhum podia cair. E não caíram!

Em julho haveria mais uma etapa do Big Biker, dessa vez em São Luiz do Paraitinga. (Clique aqui para ler)

O Vinícius estaria de férias e viajou para a Europa para correr o L´etape du Tour de France, então nessa etapa do Big eu corri individualmente. Ufa! Como é uma etapa dura, sem o Vinícius, ele não sofreria tanto em meio a minha dificuldade em fazer uma prova aquém das condições físicas que planejei, e dentro de uma esperada diferença de rendimentos que já mantínhamos a favor do meu parceiro.

5 horas de prova em São Luiz do Paraitinga, SP

A partir de agosto e setembro, entre 60 e 90 dias que antecediam a prova, ainda em turbulências da nova agenda profissional, mas um pouco mais consciente da nova realidade, era manter o foco, o controle e a calma em meio a tantas variáveis. O Vinícius sempre me tranquilizava e via tudo sob uma ótica muito positiva. Sempre frisou que nosso objetivo não era alcançarmos um pódio de um evento em meio a tantas feras do Brasil e do Mundo. Nosso "pódio" era finalizar a prova dentro dos tempos regulamentares e receber a tão desejada camisa de finishers ao final da prova. O Cadú enviava as planilhas e colhia feedbacks, isso quando não treinávamos juntos no Parque Cemucam. Esses dois caras foram fundamentais para eu segurar a onda nesse período.

Falando de Parque Cemucam, a maior parte dos treinos nesse período de 2 a 3 meses antes da grande prova, foram feitos lá. Na técnica, havia grande diferença entre o parque e o que encontraríamos na Chapada Diamantina, mas não invalidava o aumento de performance física e técnica. Os demais treinos eram feitos na bike de estrada pela região onde moro em Cotia, SP e cidades vizinhas, como São Roque e as suas serras e o Rodoanel Sul, onde muitos longões foram realizados.

E aí vinha mais uma prova para aferir nosso entrosamento. 12 Horas de Mountain Bike. No meu quintal. No Cemucam. (Clique aqui para ler)

Pensamos em revezarmos como dupla, mas não era hora, dentro de nossas planilhas de treino de cargas dessa natureza, sem contar os riscos que naturalmente um evento de competição nos expõe. Não era hora de mais stress. Então montamos um time muito 4 fun! Juntam-se a nós meu filho Gustavo com 13 anos e o Bruno, o irmão do Vinícius.

O quarteto fantástico! 

A reta final da preparação do Brasil Ride ainda havia a definição da bike que eu levaria para a Bahia. Eu estava pesquisando nos sites gringos uma oportunidade de compra de um quadro full de carbono.
A oportunidade surgiu de um amigo que trocou sua full suspension por uma rígida. Um quadro avulso estava disponível. Um Epic Evo 29er.

Parti para a negociação e arrematei o quadro.

Componente essencial para a evolução do Camburão

Surge com o quadro Epic a evolução do meu "Camburão". Surge o que eu apelidei de "Camburão Evo"!

Camburão Evo 29er - A bike que levei pra Bahia. Ou a que me levou?

Eis que estava chegando a hora. Os treinos próximos do mínimo necessário, mas sendo feitos. A bike como eu planejei para correr o Brasil Ride, muito trabalho, muita compreensão do meu treinador e do meu parceiro e a consciência de que eu deveria ter a mente forte para equilibrar tudo isso.

Nosso último "laboratório" seria a mais técnica das etapas do Big Biker. Campeonato extremamente bem organizado que em 2013 eu tive a feliz oportunidade de fazer todas as etapas. Fomos a última etapa em Santo Antonio do Pinhal, SP e dessa vez o Vinícius volta a fazer comigo de dupla. (Clique aqui para ler)

Fim de prova em Santo Antonio do Pinhal, SP

Fomos para a prova com a mesma mentalidade que estávamos desenvolvendo pra correr na Bahia. Constantes, cúmplices, sem paradas, controlando hidratação, alimentação e nos divertindo. Essa etapa é a mais técnica desse campeonato. Nossas Epics foram muito exigidas e totalmente aprovadas. Também muito dura em subidas. Vencemos o último desafio rumo ao Brasil Ride. Agora manutenção dos treinos, pois nada que pudéssemos fazer nesse momentos faria muita diferença a nosso favor na Bahia.

Ainda eram necessárias algumas decisões. Muitas sem impacto, mas havia uma que desde o início foi ficando de lado. Qual seria o nome da equipe?

Tínhamos a ideia de colocar nome de quem nos apoiasse em algo, seja uma oficina, um bike shop, mas na realidade nós mesmos nos ajudamos. Pagamos de treinadores a aquisição de peças, manutenção e toda a nossa nutrição no período de treinos. Não havia tempo de lutar por apoio de algum tipo, até porque o tempo que seria investido nisso não garantiria resultados efetivos.

Num determinado dia, navegando pelo Facebook, pude me aprofundar numa página de uma equipe de mountain bike que apóia uma ONG que suporta as crianças órfãs na Tanzânia. Visitei o site e aprofundei um pouco mais na atividade dessas pessoas. Concluí que aquilo era muito nobre. Me perguntei porque ao invés de termos apoio, por que não apoiá-los? A compra dos uniformes não visava lucro, mas sim a reversão desse para a causa africana.

Consultei o Vinícius pelo respeito que tenho por ele, mas era óbvio que ele toparia. Assim foi! O Pablo Rodriguez que também representa o Orphans Africa no Brasil nos recebeu de braços abertos e com um delicioso cafezinho em sua casa. Assim nasceu o segundo time Orphans Africa - Brasil Ride 2013!

Uniforme lindo! Já o modelo...

Um pouco mais deles: Facebook e Site

Agora é hora de preparar para o relato das etapas!

Obrigado pela leitura até aqui!