Big Biker 2013 # 1 Itanhandu MG - As presepadas de Rica, Edu e amigos

Rica Freitas e Vini Martins - Dupla para o Brasil Ride 2013
Mais uma prova pra "conta"!

São 62 provas que participo! E dessa vez foi na categoria duplas!

Antes de escrever qualquer coisa a respeito da prova, quero relatar "um pouco" a respeito da nossa viagem. As aspas? Leia e irá entender os motivos, ou melhor as presepadas que superamos. 

Dessa vez foi o Edu Luke que disponibilizou sua viatura pra viagem. Rack Thule muito bacana e seguro para as bikes e bastante conforto para o motorista e passageiro, mas que depois virou "passageiros", pois o Daniel Aizawa se juntou a gente. Gargalhadas garantidas durante a viagem, com mais esse gente fina com a gente!

Conforto para as magrelas e dos nem tão magros assim - Foto: Edu Luke
Viagem de aproximadamente 300 kms, nem seria tão ruim assim. E não foi. Apenas um diluvio quando estávamos na Rod. Carvalho Pinto, mas pista boa, com boa drenagem, nada que um pouco mais de cuidado que nosso driver Edu tomou e a viagem seguiu show de roda.

Ao chegarmos em Cruzeiro liguei meu GPS do celular e aí arrumamos a presepada 1. O GPS nos tirou da estrada e nos fez encurtar o caminho, porém passando pelo centro da cidade... Uma perdidinha aqui, outra ali, mas logo achamos a estrada novamente e desliguei o celular. Essa presepada foi superada com facilidade. 

Chegamos em Itanhandu e o clima estava super agradável. Bora retirar os kits!
Moe Aizawa, Larry Freitas e Curly Luke: Sim! Os 3 patetas - Foto: Edu Luke
Kits retirados, Daniel Aizawa ficou ali mesmo pelo centro, onde se hospedou com outros amigos. Eu e o Edu iríamos até a cidade vizinha de Itamonte, onde com muito esforço o Edu reservou umas vagas pra gente. Sim! O Big Biker é o evento do ano em Itanhandu! As vagas se esgotam quase um ano antes!

Até aí tranquilo. A cidade ficava aproximadamente 25 kms de Itanhandu. Pra lá rumamos. Ao chegarmos numa  estrada de terra que dava acesso a pousada, de aproximadamente 3 kms até lá, iniciamos o que vou chamar de a presepada 2.

Havia chovido muito nos dias anteriores. Um buraco a cada metro quadrado. Lama até nas sombras das montanhas. Muito devagar com o carro e mesmo assim o barulho do rack raspando naquele piso esburacado da estrada, era de dar dó... Isso até chegarmos num aclive mais acentuado e... derrapada pra lá, pra cá e o carro não subiu... 

A voltar de ré, o rack raspou de novo e enganchou na estrada... E agora? Um breu absurdo... O Edu é um cara precavido e sacou uma lanterna animal do seu porta luvas! A solução agora era desencaixar o rack do carro, encaixar as lanternas que se soltaram dele com tantas raspadas, colocá-lo a margem da estrada para voltar um pouco com o carro, conseguir um bom embalo e subir de verdade aquela pirambeira. 

Rack desencaixado, o Edu deu uma marcha ré, parou, acelerou, embalou e subiu aquela buraqueira como um alucinado mountain biker com sua bike em um single track! Hahaha! Agora era carregar subida acima o rack com as bikes até o carro, encaixá-lo novamente e seguir pelos poucos kms que ainda restavam. A essa altura reclamávamos da fome. Já passava das 10 da noite.

Passamos por algumas bifurcações e pela intuição seguíamos procurando o caminho correto até a pousada. Não erramos! Yeah! Ao avistarmos algumas luzes a beira da montanha, aliviados e por dedução, em meio inospitalidade do lugar, comemoramos a proximidade até a pousada! Agora vem a presepada 3. Foi a maior delas.

A entrada da pousada era em descida e assim que passamos o portão, a lama fez com que o carro derrapasse de lado. Perdemos o controle, derrapamos freando e, apenas como passageiros do carro, escorregamos dezenas de metros. Algumas pedras que as chamei de sagradas, nos seguraram de descer  ribanceira abaixo. Desci do carro com a lanterna e vi o tamanho do livramento que nos havia ocorrido. Respeito todas as crenças, mas ali a minha fé me mostrou que Deus estava conosco! Nada de mal nos aconteceria. Judiação do carro do Edu que raspou toda a parte inferior naquelas pedras. Poderia ter sido muito pior. Nem quero imaginar o transtorno se descêssemos com o carro morro abaixo. Deus é bom!

Agora a missão era desenganchar o carro das pedras e tomar a rota para os no máximo 100 metros que faltavam até o estacionamento da pousada. O Edu voltou pro carro. Acelerou e pedi para ele parar imediatamente. O carro derrapando, ameaçou deslizar em direção a ribanceira. Estávamos muito cansados, com fome... O Edu deu a idéia de pedirmos ajuda para alguém na pousada. Pra lá fomos.

Alguns bikers que também estavam hospedados por lá e o dono da pousada, um norte americano de nome Forest, imediatamente se prontificaram em ir até o carro para nos ajudar. Lanternas ligadas, uma trovoada de idéias em português e, até em inglês, de como tirar o carro dali com segurança. Nesse momento o Forest numa demonstração de "capacidade individual extrema", disse: "Eu ter experiencia!" Atônitos eu, Edu os 3 bikers hospedes, olhamos para o gringo para entender o que ele queria dizer. Já havíamos convencionado que a solução era, enquanto o carro derrapava, endireitá-lo rumo a estrada. A idéia do Forest era exatamente o que já tínhamos concluído. Provavelmente ele não havia nos entendido ao dar a mesma idéia, mas, enfim... Forest: "Give the car's key!" O Edu passou a chave para ele e rapidamente ele assumiu a direção. Nos preparávamos para empurrar o carro quando o gringo começou a gritar com o carro já ligado: "Lights! Lights?" Estava bem próximo a janela do carro e disse "Left side my friend". Pronto, ele ligou os faróis, acelerou, o carro derrapou e nós, eu, Edu e os 3 bikers guiamos o carro para a estrada novamente, foi quando o Forest levou o carro até o estacionamento. O sarcasmo dele ao olhar pra gente chegando a pé era algo irritante, mas ao mesmo tempo muito engraçado. Ele se achou o máximo! Depois eu e o Edu rimos um monte dessa situação. Acelera Forest! Ufa! Presepada 3 superada. 

Passava das 11 da noite. Comida fria e escassa na pousada. Algumas almondegas, peixe, arroz, feijão e uma limonada. Comemos e bora pro quarto descansar, sem estarmos devidamente saciados, para uma noite pré prova e muito, mas muito cansados da viagem a essa altura. 

Nos acomodamos e já conversávamos muito preocupados com a estrada para o dia seguinte, já que não poderíamos sequer pensar em chegar atrasados para a largada. Convencionamos de sair as 6:30 da manhã da pousada para superar qualquer problema eventual e adicional da estrada.

Assim foi! Acordamos pouco antes das 6, juntamos nossas malas e descemos em direção ao restaurante da pousada. Pensamos que o café da manhã ainda não estaria sendo preparado, mas foi o contrário. As prestativas "tias" já estavam por lá. Tínhamos combinado de encontrar algum lugar na estrada para nos alimentarmos. Ficamos por ali mesmo e fizemos até que uma boa refeição, mas novamente escassa, considerando que pedalaríamos mais de 90 kms da prova.
Na dúvida eu já acordei e desci mandando pra dentro uma barra de proteínas - Foto: Edu Luke
Ainda tivemos tempo de vistoriar as avarias do carro. Encaixei as partes plásticas que ficam sob o para-lama e próximas ao para-choque dianteiro. Ainda deitado sob o carro, um cachorro, lindo por sinal e muito brincalhão, me aplicou uma incrível lambida na orelha. Figuraça esse cachorro! 

A estrada na volta, privilegiava descidas. Logo não tivemos os mesmos problemas da ida na noite anterior. A ressalva era a judiação do rack batendo e raspando na estrada. Uma situação muito legal nos aconteceu. O cachorro que me lambeu resolveu nos acompanhar pela estrada. 
Branco de neve! Nosso companheiro de lambida e estrada - Foto: Rica Freitas
O animalzinho simpático corria alegremente pela estrada e as margens, como se escoltasse alguém muito importante pra ele. Como se fossemos realmente especiais e, assim, obviamente nos sentimos com tanta simpatia gratuita. Ele até se prontificava a tirar da estrada, aos latidos, outros animais que estavam a nossa frente. 

Au! Au! Saia ou eu mordo! - Foto: Rica Freitas
Agora a nossa preocupação também era com o cãozinho. Até onde ele iria? E ele foi até a chegada ao asfalto. Quase 3 kms de escolta! A partir de lá não mais vimos o nosso mais novo amigão. Muito obrigado querido! 

Viagem que segue e com mais algumas dezenas de kms chegamos novamente a Itanhandu. O Edu foi pro alinhamento da largada enquanto eu esperava o meu parceiro de prova. Minutos depois chega o Vini Martins, namorada e amigos. Rapidamente nos cumprimentamos e fomos pra largada. 

A prova por si só, já seria dura. Meus treinos recentes não andavam bem em função de estresse profissional e uma agenda complicada, onde sacrifiquei vários treinos. Soma-se a isso a viagem, noite e alimentação conturbada da véspera. Dureza amigos!

Largada para quase 700 bikers da cat. PRO - Foto: Bike Amparo
Largamos! O Vini estreava sua Specialized Epic 29er. Confesso que nas descidas era difícil imprimir o mesmo ritmo que ele, mas nas subidas o gente boníssima me esperava com paciência, bom humor e alto astral, sempre me incentivando! Valeu Amigão! 

A prova é uma interminável junção de estradas de terra, cruzando 2 grandes serras. Tecnicamente não exige muito, mas fisicamente o bicho pega! 

Até aproximadamente o km 50, vínhamos num ritmo bom e constante. Sem paradas nem problemas. Mas ao entrar na área de apoio com mais 60 kms acumulados, eu já sentia os efeitos da má alimentação, da falta de treinos e do sono precário.  Pensei em como queria e gostaria de ter algum familiar, ou amigos com alimentos mais consistentes que meus saches de carboidratos em gel naquela zona de apoio. Nessas horas eu digo: Como é bom ter amigos! Avistei o pessoal da Moço Bike que prontamente, sem que pedíssemos, nos deram água, coca cola e bananas! Valeu pessoal! Não tenho palavras que possa retribuir tamanha ajuda nos dada. Renovados fomos em direção a última serra.

Ao iniciarmos a subida da ultima grande serra, fomos pegos pela chuva. E ela veio com força. Agora soma-se a recente alimentação da galera da Moço Bike e a brusca queda da temperatura. Me renovei! Subimos a serra debaixo de muita água, escorregando na lama, mas ainda assim com tempos melhores do que na prova do ano passado. Findada da serra era hora de descer. A chuva causou muita lama e, mais ainda nas descidas. O estado da bike, nas troca de marchas estava precária. Fizemos algumas paradas para retirar o excesso de lama que acumulava no quadro, cambio e suspensão e alcançamos o ultimo trecho de planície. Foi quando, num ritmo mais forte, entrei na cavidade de lama feita pelos pneus de carros e caminhões na estrada e, ao sair dela perdi o controle e "comprei um terrenaço" (levei um baita tombo) em Itanhandu. Virei latifundiário mineiro, segundo o Vini que não continha as gargalhadas ao me ver estirado, porem sem maiores consequências, no chão e com câimbras.

Mais alguns kms e alcançamos a tão desejada, já a essa altura, linha de chegada! 

Vini e eu passando pela cronometragem da prova - Foto: Webventure
Quero agradecer ao Vini pela parceria. Claro que nosso projeto somente será entregue quando finalizarmos o Brasil Ride em outubro desse ano. O primeiro passo foi essa etapa do Big Biker. Deu pra perceber que bem treinado, faremos uma dupla que se respeita, que se entende, que dá risada junto, alem de se ajudar e que tem tudo para nos tornarmos finishers desse tão grande desafio. 

Eu e o Vini recebendo as medalhas de finishers - Foto: Bike Amparo
Tenho agradecer também a outro cara! Obrigado Edu pela sempre prazerosa companhia! Pelo astral incrível e por me tolerar em tantas perguntas e assuntos que somente eu consigo levantar. Hehehe! 
Ah! Obrigado também pela variedade musical proporcionada na viagem de volta e não se esqueça que você me "deve" as musicas em  qualquer tipo de mídia. Eu quero mesmo! 

Edu! Parceiraço de treinos, de viagens, de papos... Valeu man! - Foto: Rica Freitas
Ainda tivemos pódio da nossa galera com o Daniel e Aguinaldo-Gui. Parabéns!

2º lugar para nossos amigos na cat. duplas - Foto: Bike Amparo
Pedaladas que seguem! Obrigado pelo prestígio da sua leitura e até o próximo relato, com menos presepadas, pelo menos assim esperemos!


Video sempre bem feito do pessoal bike.tv.br